Nesta semana que passou, estive em Salvador à convite do CFP, participando do 7º Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (CONPSI). Infelizmente, só pude participar a um dia e meio de atividades (a tarde de sexta e o dia inteiro no sábado).
No primeiro dia, assisti a uma mesa redonda com João Sampayo, Rafael Dias e Marco Manso (foto ao lado), sobre Redução de danos e políticas de drogas. Rafael é militante do campo dos Direitos Humanos, preocupado com a transformação das drogas em dispositivo de controle, que se expressa em sua forma mais duras por meio da violência de Estado sobre os pobres, espeicalmente homens jovens, negros e pobres. João é um camarada que eu ainda não conhecia, falou sobre sua experiência como coordenador do CAPSad III Gey Espinheira, em Salvador, e problematizou a capacidade de vencer demandas tão complexas quanto as articuladas por pessoas que usam drogas, demandas estas que se situam para muito além daquilo que um único serviço possa oferecer, por melhor que ele seja. O último, Marco Manso, é um parceiro que conheci no movimento social de Redução de Danos, ou mais precisamente, no Projeto RoDa Brasil. É um dos mais experientes redutores de danos do Brasil, com atuação forte em Salvador, há mais de 15 anos, imagino.
No sábado, assisti a duas atividades muito especiais. A primeira foi um relato de Vera (infelizmente não anotei seu sobrenome!), falando sobre sua experiência na equipe do Balance, organização baiana que atua com Redução de Danos em festas Rave. Falou sobre Clínica Ampliada, Acompanhamento Terapêutico, e sobre a inadequação da expressão "Redução de Danos" para dar conta da complexidade daquilo que se efetua no território vivido.
Depois desta atividade, foi realizada a Mesa Redonda que me levou à Salvador, junto com Maria Lúcia Karam e Maria Luíza Rizzotti. ESta mesa estava inicialmente marcada para s 18 horas deste mesmo dia, o sábado, também o último dia do congresso. Os propositores da atividade julgaram o horário ruim, e propuseram sua alteração. No entanto, a divulgação da mudança não foi efetiva, resultando no esvaziamento da atividade. Mesmo assim, foi bom ouvir Karam destruir os argumentos de sustentação do modelo proibicionista, denunciando a estupidez da guerra às drogas em todas as suas consequências. Rizzotti trouxe sua experiência como gestora da área de Assistência Social, para dizer da importância da intersetorialidade para garantir a integralidade no cuidado de pessoas que usam álcool e outras drogas.
A última atividade da qual participei foi uma roda com Marcelo Andrade, do Balance, que defendeu a retomada da agenda de pesquisas com a utilização de drogas psicoativas, e Tom Valença, psicólogo do CAPSad III Gey Espinheira. Ambos denunciaram a Guerra às Drogas como principal responsável por todo o processo que resulta no atual extermínio de jovens pobres, em todo o Brasil.
Em breve, pretendo disponibilizar a fala de Marcão no Youtube.
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