Lançamento de livro sobre Gênero e drogas*

Nesta semana, entre os dias 27 e 30 de abril, será lançado, em Fortaleza, durante o encontro da Regional Norte-Nordest da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), o livro "Gênero e drogas: contribuições para uma atenção integral à saúde", organizado por Maristela Moraes, Ricardo Castro e Dênis Petuco e editado pelo Instituto PAPAI. O livro faz parte de projeto "Gênero e Drogas", que foi dirigido a gestores da área de saúde das cidades de João Pessoa e Recife.

CONTEÚDO
Esta publicação é resultado de um processo coletivo de reflexão e produção sobre os temas de gênero e usos de drogas e tem como objetivo contribuir para promoção da integralidade na atenção às pessoas que usam álcool e outras drogas, no contexto do Sistema Único de Saúde brasileiro.
É um material que oferece textos e atividades práticas sobre distintos temas relacionados à atenção integral à saúde das pessoas que usam drogas, como uma forma de preparar para a adoção de um olhar de gênero sobre a questão. Ajuda a reconhecer especificidades de gênero que marcam as relações das pessoas com as drogas, assim como a compreender e transformar as práticas em saúde relacionadas e orientadas pelas construções de gênero.
Nosso foco último é a visibilização das questões de gênero relacionadas à socialização dos homens, fundadas em práticas e valores que ampliam a vulnerabilidade dessa população frente à infecção pelo HIV/Aids e outras doenças de transmissão sanguínea e sexual, à violência (como agentes ou vítimas) e às relações problemáticas com distintas drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas. Esperamos que tais reflexões possam contribuir para o desenvolvimento de outras políticas e planos de ação em saúde, outras práticas cotidianas sensíveis à abordagem de gênero e às especificidades dos homens nesses contextos de atenção à saúde.
Dirige-se a trabalhadores/as da saúde, educação e áreas com as quais dialogam, sejam gestores/as locais ou regionais, ou profissionais que atuam diretamente nos serviços.
SUMÁRIO
Gênero e usos de drogas: porque é importante articular esses temas?
Maristela Moraes 15

Educação Popular em Saúde e o cuidado de pessoas que usam álcool e outras drogas
Dênis Roberto da Silva Petuco 21

"Álcool e outras drogas" na IV Conferência Nacional de Saúde Mental - Intersetorial: reminiscências de uma observação muito participante
Dênis Roberto da Silva Petuco 29

Marchas da Maconha: para além da neblina sensacionalista
Rafael Gil Medeiros e Ricardo André Cecchin 41

Trabalho de campo e a construção de políticas para usuários de drogas" - a questão dos usos de crack na atualidade: um olhar sobre usuários e usuárias.
Luana Malheiro e Edward MacRae 53

Crack, pânico social e desafios atuais
Edna Granja 59

Saúde Mental, Álcool e Outras drogas na Atenção Primária
Naíde Teodósio Valois Santos e Rossana Carla Rameh-de-Albuquerque 63

Homens, violência contra mulheres e atenção em saúde mental: algumas reflexões sobre interfaces complexas
Maristela Moraes, Benedito Medrado, Jorge Lyra e Edna Granja. 73

Pra não dizer que não falei de drogas. O cuidado de pessoas que usam drogas e a luta antimanicomial
Dênis Roberto da Silva Petuco 81


ATIVIDADES PRÁTICAS
Maristela Moraes, Ricardo Castro e Denis Petuco

Atividade 1 - EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE 95
Atividade 2 - REPOLHO 97
Atividade 3 - EU, ETIQUETA 99
Atividade 4 - LINHA DA VIDA 101
Atividade 5 - IMAGENS DA HORA 103
Atividade 6 - BUSCANDO SERVIÇOS E CONHECENDO DIREITOS 107

Sugestões de sites na internet 111
Instituições organizadoras 113
Sobre os/as autores/as e organizadores/as 115


* Extraído do site do Instituto Papai (http://www.papai.org.br/informativ/view?ID_INFORMATIVO=175)


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Consultoria para assistência social em Recife

Nesta semana, na segunda e na terça, estive em Recife conversando com gestores e trabalhadores de equipamentos de assistência social da cidade de Recife, sobre as contribuições que as ideias relacionadas à Redução de Danos podem trazer para o campo da Assistência Social. Nestes dois dias conversei sobretudo com educadores sociais, e lembrei sempre o quanto a experiência brasileira com Redução de Danos é profundamente atravessada pelas ideias do educador pernambucano Paulo Freire, principalmente no que tange à importância de se construir caminhos juntamente com as pessoas diretamente interessadas (neste caso, os usuários de drogas).

Na próxima semana, estarei novamente em Recife, para darmos prosseguimento as conversas. Sempre lembrando que Pernambuco é um estado de vanguarda no que tange à construção de políticas dirigidas a usuários de drogas, a partir da Assistência Social, tendo inclusive desenvolvido um serviço especializado, o CRAUD (Centro de Referência na Assistência a Usuários de Drogas).
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Visita ao É De Lei.

Estou em São Paulo, participando do V Congresso de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, promovido pela ABRASCO, de 17 até 20 de maio, na USP. Muita coisa boa está rolando. Assisti a uma mesa com Francisco Ortega falando sobre neurosociabilidade, e Pedro Paulo Ferreira sobre suas pesquisas em uma casa que acolhe pessoas soropositivas em situação de miserabilidade. Ambos dialogando com as noções de Biopoder e Biopolítica.

Hoje à tarde, no entanto, escapei para fazer uma visita ao É de Lei, centro de convivência para usuários de drogas e uma das mais antigas ONG's de Redução de Danos no Brasil. Era dia do Chá de Lírio, atividade que já é desenvolvida há alguns anos, e que consiste basicamente em uma roda na sede da ONG, na qual se discutem assuntos variados. Queria muito participar, mas infelizmente não foi desta vez, já que às 15 horas, horário em que a atividade começa, eu ainda estava na USP. Acabei chegando depois das 17, quando a maior parte do pessoal já tinha ido embora, ficando apenas poucas pessoas entretidas com um filme na TV.

Foi bom ir até lá. É muito bom estar perto das pessoas que estão fazendo a diferença, sustentando práticas em meio à grandes dificuldades. Peguei um material lindo, resultado das oficinas de fotografia que têm sido desenvolvidas na instituição. O pessoal teve até que providenciar uma outra sala na galeria em que se situa o centro, de maneira a garantir todo o necessário ao desenvolvimento de atividades com foto e imagens.

Amanhã, vou fugir de novo do congresso, desta vez para participar de uma reunião de um fórum que vem sendo construído entre entidades públicas e privadas da região metropolitana de Sampa, que sustentam diferentes atividades junto a pessoas que usam álcool e outras drogas. A iniciativa foi justamente do É de Lei, construída a partir de um seminário sobre intersetorialidade.

Evoé kamaradas!
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Matéria no "Blog da Prevenção"

Esta matéria foi realizada por Crisvalter Medeiros, jornalista responsável pelo "Blog da Prevenção", e foi construída a partir da apresentação que fiz sobre a pesquisa que tenho coordenado para a Fiocruz, "Perfil dos usuários de crack nas 26 capitais, 9 regiões metropolitanas, Distrito Federal e Estrato Brasil". Existem algumas imprecisões com respeito a detalhes da pesquisa (como o fato de que eu não coordenao a pesquisa sozinho, mas junto com o psiquiatra Ricardo Lucena, por exemplo), mas o principal de nossa conversa (e de minha apresentação) mantém-se fidedigno. O endereço do blog: http://www.aadvocacy.blogspot.com/

Pesquisa da Fiocruz faz mapeamento das cenas de uso em João Pessoa

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está realizando o mapeamento das cenas de uso de crack (cracolândias), em 26 capitais brasileiras, no Distrito Federal, nove regiões metropolitanas, municípios de pequeno e médio porte e zona rural. João Pessoa está incluída na pesquisa.

A partir desse mapeamento, a Fiocruz pretende desenvolver o maior inquérito epidemiológico sobre a situação dos usuários de crack já feito em âmbito nacional. O projeto é financiado com recursos da SENAD – Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas.

Uma preliminar do mapeamento das cenas de uso de crack em João Pessoa foi apresentada na última sexta-feira (08.04), durante a reunião dos integrantes do Plano de Ação - União Pela Vida contra o Crack, do Governo do Estado da Paraíba. O evento, que aconteceu no auditório da PBPREV, no período da tarde, foi coordenado pela Secretária de Desenvolvimento Humano do Estado da Paraíba, professora Aparecida Ramos; Pastor João Filho, do
Programa Estadual de Políticas sobre Drogas; e pela coordenadora da área técnica de saúde mental da Secretaria Estadual de Saúde, psicóloga Shirlene Queiroz de Lima.

CENAS DE USO DE CRACK EM JOÃO PESSOA

Na Capital paraibana, as cenas de uso de crack mais constantes foram localizadas no centro da cidade e adjacências: Varadouro, Jaguaribe, Tambiá e Parque Sólon de Lucena (Lagoa). Outros pontos de destaque são as praias urbanas: Cabo Branco, Tambaú, Bessa e Manaíra. Uma característica dessas cenas de uso de crack é a densidade de pontos com poucos usuários.


O coordenador da pesquisa em João Pessoa, sociólogo Dênis Petuco, citou o exemplo do Cabo Branco, onde foram identificados 21 pontos, mas cada ponto desses sendo frequentado por apenas três ou quatro pessoas. Já em Mangabeira, não há muita densidade de pontos, mas as cenas são protagonizadas por mais de cem pessoas, e em áreas bastante movimentadas. O pesquisador esclareceu que essas cenas acontecem em casas abandonas, terrenos baldios, praças públicas, algumas ruas, quadras esportivas e matagais próximos às áreas urbanas.

Segundo Dênis, a pesquisa da Fiocruz vai realizar o levantamento fidedigno do número de usuários de crack no país, explorando suas características sociodemográficas e culturais. “Pela primeira vez, teremos o perfil criterioso dos usuários de crack e os danos que o uso dessa substância causa à saúde dessas pessoas”, assinalou o pesquisador que é educador social do CAPS-AD Cabedelo e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPB.


O pesquisador tem uma larga experiência de trabalho na área de educação social com usuários de drogas em outras regiões do país. "Aliás, esse é um dos pontos de destaque da metodologia da pesquisa que vai diferenciá-la dos levantamentos anteriores", assinalou.

Segundo Dênis, o trabalho etnográfico da última parte da pesquisa viabilizará o conhecimento em profundidade das características regionais desses usuários, possibilitando a composição do perfil sociocultural dessas pessoas.


A relação etnográfica viabilizada pelo inquérito epidemiológico, prosseguiu o pesquisador, identificará várias questões, a exemplo do risco de uso, doenças não infecciosas, transtornos mentais, interação com outras drogas, além de fazer testes de HIV, hepatites “B” e “C” e tuberculose. “Queremos saber se essa população usuária de crack tem índices mais elevados dessas doenças, ou se o quadro é igual ao da população em geral”, informou.


Dênis explicou a inovação da pesquisa na área metodológica. A triangulação dos dados, ou seja, o levantamento domiciliar, o mapeamento das cenas de uso e o inquérito epidemiológico vão viabilizar uma representação mais profunda do perfil desses usuários, contribuindo para a elaboração de políticas públicas nas áreas da prevenção, intervenção e reinserção social, de forma mais adequada.

A reunião do Plano de Ação - União Pela Vida contra o Crack, da SEDH, contou ainda, com uma exposição das ações educativas realizadas pelo programa “Ruartes”, da Prefeitura Municipal de João Pessoa, que trabalha com meninos e meninas de rua. A coordenadora do CRR-IFPB- Centro Regional de Refrência de Formação Profissional, professora Vania Medeiros, participou do evento, fazendo articulações para o lançamento oficial do projeto em João Pessoa, que acontecerá no próximo dia 26 de abril, durante a realização de um seminário sobre o enfrentamento do crack na Paraíba, promovido pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano.
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